O Ayala Botto é biólogo, escuteiro, trabalha no Zoo de Lisboa, adora viajar e abraçou a missão de proteger a Natureza. Fá-lo através do seu trabalho, em colaboração com uma série de iniciativas, mas também estando disponível para conversas e partilhas.
Na sua página de Instagram partilha informação científica, mas também curiosidades da natureza. O objetivo? Envolver todos na defesa do nosso planeta.
Na nossa opinião, fá-lo muito bem, com muita calma e positividade, mesmo nos assuntos mais polémicos.
É a 2ª participação masculina na nossa rubrica, mostrando que a sustentabilidade na moda não é um assunto de mulheres, mas que nos diz respeito a todos.
Obrigada Ayala, por teres aceite!
Será que preciso mesmo disto?
É uma pergunta que nos devemos fazer diariamente.
Começar a Repensar e a Reduzir o nosso consumo é a solução para um mundo mais sustentável a todos os níveis.
A indústria da moda, como poderão já saber, é uma das indústrias com mais impactes a nível ambiental, social e económico, pelo que é uma das áreas que devem ser trabalhadas para atingirmos os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.
Com isto não estou a dizer que temos todos que parar de comprar roupa.
Pessoalmente, muito antes de sequer pensar nas questões relacionadas com a sustentabilidade, nunca comprei muita roupa. Como não gosto de a ter que escolher e provar, nem de visitar centros comerciais, a partir de certa idade, quando parei de crescer, passei a comprar o mínimo de roupa possível.
Até então, normalmente a roupa que tinha era-me oferecida no Natal e no meu aniversário, ou quando algum membro da minha família já não a queria e, antes de a doar, me perguntava se estava interessado em ficar com ela.

Penso que a passagem de roupa entre membros da família é muito comum quando somos mais jovens mas, quando crescemos, deixamos de a fazer.
Talvez por vergonha, talvez seja falta de hábito, talvez um bocadinho dos dois aliado à nossa nova identidade na forma como nos vestimos.
Aproveitar roupa em segunda-mão é uma das maneiras de Reduzir o nosso consumo. Outra maneira de Reutilizarmos a roupa passa por a Remendar caso ela se encontre rasgada.
Caso não saibamos costurar, vamos sempre a tempo de aprender! Se forem como eu, que não consigo investir tempo nessa aprendizagem, o que não falta por aí são costureiras (ou avós) que nos conseguem ajudar.
Quando precisarmos mesmo de comprar roupa nova, sugiro que recorramos a lojas de segunda mão. Lá poderemos encontrar roupa em bom estado, geralmente mais barata e onde, por estar a ser reutilizada, não foi preciso retirar mais recursos ao planeta para as produzir.
Para os rapazes, admito que é desafiante encontrar lá algo do nosso agrado. Infelizmente creio que este mercado ainda não está muito direccionado para o sector masculino, mas isso irá mudar dentro em breve devido à pressão que existe por parte do consumidor!
Por fim, se quisermos comprar mesmo roupa nova porque nenhuma das outras opções foram de encontro às nossas necessidades, devemos optar pelas lojas de roupa slow-fashion.
Isto é, roupas geralmente mais caras, mas que duram muito mais tempo e que têm em consideração toda a cadeia de valor (pagamento justo das pessoas que trabalham na indústria). Eu não sou bom exemplo neste campo, porque ainda recorro ao fast fashion. Porém, sinto-me menos mal, porque quase nunca compro roupa e porque tenho peças com mais de 10 anos. Espero que esta partilha nos faça questionar alguns dos nossos hábitos de consumo.
Lembrem-se que há uma pergunta que nos devemos fazer diariamente: Será que preciso mesmo disto?
Ayala Botto, biólogo