Cá em casa somos apologistas de usar a roupa por bastante tempo, cuidando dela e fazendo-a durar. É uma forma de reduzirmos o impacto da roupa que compramos, e também honrarmos o trabalho das pessoas.

Mas sabemos que nem sempre apetece fazer isso.

O nosso estilo muda, principalmente quando se é mais jovem. A nossa vida muda, quando assumimos novas responsabilidades. E o nosso gosto muda, às vezes só porque sim. E há peças que simplesmente deixam de fazer sentido, e estão só a ocupar espaço. No nosso roupeiro e na nossa mente.

Nos últimos anos, o movimento do destralhe tem ganho muito protagonismo.

Livros, programas de TV e celebridades dizem-nos que temos de destralhar, para libertarmos as nossas vidas. E que só devemos ter as peças que nos fazem felizes. Com a pandemia, e mais tempo em casa, o destralhe disparou.

Mas como destralhar de forma consciente?

As peças não desaparecem só porque saem da nossa casa. Elas têm de ter um destino que, no limite, é o aterro sanitário. E é esse que devemos ao máximo evitar.

A Bea Johnson, autora do livro Desperdício Zero, levou 2 anos a destralhar a casa dela. É certo que ela tinha muita coisa, fruto de uma vida de consumo desregrado. Mas se tivesse querido destralhar de um dia para o outro, isso não teria sido nada consciente.

Por isso, antes de dares um destino à roupa que já não queres, pensa:

  • Pode ser alterado ou arranjado?

Se tiver buracos, ficaria aceitável com remendos? E iria ao encontro do meu estilo? Se não gosto do design, há alguma coisa que pudesse alterar e me fizesse usar a peça?

Há cada vez mais pessoas a fazer trabalhos de costura criativa, incluíndo upcycling, porque não experimentar? Mesmo pagando esse serviço, ficamos com uma peça que gostamos, e ainda irá durar muito tempo, vale a pena.

  • Conheço alguém que pode gostar?

Pensa na tua família e amigos, talvez alguém vista o tamanho e tenha o estilo. Até podes oferecer como presente num dia especial.

Depois deste processo, em que podes ganhar algumas peças “novas” ou fazeres alguém próximo feliz, podes passar ao destralhe consciente.

Como destralhar com consciência

Primeiro divide a roupa, acessórios e sapatos em 3 áreas:

  • Para trocar/vender
  • Para doar
  • Para desperdício/reciclagem

Para trocar/vender

Há grupos de trocas no Facebook, plataformas de venda de moda, como a nossa ou generalistas, como o OLX, lojas de roupa em 2ª mão, mercados de rua, vendas de garagem.

Procura a melhor forma para ti, sem pressa. Sabemos que quando destralhamos, queremos que as coisas desapareçam logo. Mas temos de ter consciência da melhor forma de lhes dar destino, e isso pode demorar tempo.

Se não tens paciência para o processo de catalogar, fotografar, publicar anúncios e trocar mensagens com potenciais compradores, o ideal é entregares a quem o faça. As plataformas de venda de roupa em 2ª mão, como a nossa, tratam de todo o processo. No nosso caso, podes optar por receber a tua comissão em dinheiro ou entregar a uma instituição. E, claro, também há as lojas de roupa dem 2ª mão, que aceitam roupa à consignação.

Os mercados locais e vendas de garagem geralmente aceitam vendedores ocasionais e pode ser um convívio engraçado, principalmente se fores com amigos.

Podes deixar roupas para trocar em pontos de troca, como os da Circular Wear, quem sabe descobres algo para trazer que é a tua cara. Ou participar num mercado de trocas na tua zona.

Finalmente, a opção mais trabalhosa, que poderá ser a mais rentável, tratas tu de tudo. Aí podes criar um perfil de Instagram ou Facebook, ou usar uma plataforma generalista como o OLX. Procura tirar fotografias decentes e incluir descrições detalhadas das peças, além de teres em conta os preços praticados no mercado.

Para doar

Os contentores são uma opção prática. Como não são todos da mesma entidade, procura saber quem é responsável pelos da tua zona. Cada contentor tem informação da entidade responsável. Faz uma pesquisa, para teres a certeza que estás a contribuir de forma positiva.

Há contentores da Ultriplo, uma empresa portuguesa, que encaminha a roupa para reciclagem, reutilização ou ação social. Segundo dados da empresa, 35% é encaminhado para reciclagem e 5% acaba em aterro.

Uma outra alternativa é a plataforma Find Use, onde podes colocar as peças que queres dar. Não ganhas dinheiro, nem tens a certeza se estás a ajudar alguém mas, à partida, quem pede as roupas deverá ter uso para elas.

Na minha opinião, o ideal é contactares instituições na tua zona e perguntares se precisam do que tens para dar. Faz uma pesquisa online de quais são, pergunta na junta de freguesia, câmara municipal ou nas escolas.

Para desperdício/reciclagem

A reciclagem têxtil não é uma realidade acessível ainda. É muito complexo reciclar roupa, por ser feita de diversas fibras. É uma área que parece estar a desenvolver-se, até porque claramente existe roupa a mais a ir parar a aterro, mas não há soluções mágicas. Principalmente quando falamos de pós-consumo, ou seja, roupa usada.

Já existem marcas que aceitam roupa para reciclar, nomeadamente grandes cadeias de fast fashion. A comunicação que estas fazem é a de usar a roupa reciclada para fazer nova. No entanto, os relatórios das marcas indicam que menos de 1% da roupa reciclada é usada para fazer nova roupa*. E mesmo para outros fins, como estofo de alcatifa ou isolamento, somente é destino para 35% da roupa reciclada. O que acontece ao resto? Vai parar a mercados de roupa em 2ª mão em África ou na Ásia.

E muita roupa vai mesmo parar a aterro, terminando o seu ciclo de vida demasiado cedo. E com demasiado impacto no planeta.

Assim, em jeito de conclusão, quando pensares em destralhar, pensa em opções conscientes.

Porque podes esvaziar o teu roupeiro, e ficar com o que te faz feliz. E até ganhar espaço para novas roupas. Mas o mundo não comporta mais roupas descartadas, que não desaparecem como que por milagre. Só da tua vista.

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