Como a maioria das pessoas que já deram os seus testemunhos nesta rubrica, cruzámo-nos com a Inês no Instagram. Ela criou um projeto chamado Inês Ovelha Verde, no qual partilha informação e a sua experiência no caminho da sustentabilidade.
A Inês estudou Marketing e aprofundou os seus estudos com uma tese na área da sustentabilidade. Por isso a informação que partilha é de fontes fiáveis e com dados concretos. Gostamos muito da forma serena como fala de assuntos complexos e a sua presença não nos passou despercebida.
Inês, obrigada por teres aceite, é um prazer ter-te aqui connosco!
Admito que sou uma pessoa vaidosa. Tenho gosto em me vestir bem e em me sentir bem com a roupa que visto! Como pessoa tímida, a moda permite-me dar a conhecer um pouco de mim aos outros, sem ter de me expor.
Além disso, sinto que muito do meu amor próprio/autoestima resulta da perceção e relação positiva que tenho com o meu corpo, e neste aspeto, a moda tem também um papel preponderante.

A minha relação com a moda sustentável começou há 5 anos, com a consciencialização da crueldade animal e do impacto ambiental decorrente da exploração animal e do tingimento das peças de roupa.
Neste sentido, a minha jornada começou por deixar de comprar peças com pele e diminuir a quantidade de peças de roupa que comprava. À medida que o tempo foi passando, fui dando preferência cada vez mais ao mercado da roupa em segunda-mão e à troca de roupa, e menos à compra de roupa nas lojas de roupa convencionais.
Comecei também a estar mais atenta às peças de roupa que já havia por casa, tendo herdado algumas (uma delas será falada de seguida!). Só há pouco mais de 1 ano é que tomei a decisão de jamais comprar roupa que não seja sustentável ou ética!
Todo o sistema pelo qual a moda atual se rege é insustentável!
Segundo o Relatório Circular Fashion 2020:
- 85% dos têxteis são depositados em aterros todos os anos
- Menos de 1% do material usado na produção de roupa é reciclado
- A quantidade de micro plásticos que acabam nos oceanos devido à lavagem da roupa equivale a 50 mil milhões de garrafas plásticas
- São utilizados, anualmente, 93 mil milhões de metros cúbicos de água na produção de têxteis (incluindo na produção de algodão)
Além destes aspetos, acrescem-se os problemas sociais.
Ouvimos recorrentemente relatos das péssimas condições de trabalho que pessoas que confecionam as peças de roupa presentes nas grandes superfícies comerciais estão sujeitas. Além das péssimas condições e salários miseráveis, não só na confeção, mas também na produção das fibras, existe ainda preocupações relativamente à saúde destes, uma vez que existem evidências de uma maior incidência de casos de cancro em plantações de algodão com recurso a químicos/não biológico e em trabalhadores de indústrias produtoras de plástico, pela exposição a micro plásticos.
Para concluir, e voltando a assuntos felizes, gostava de mostrar uma das peças de roupa que herdei!
Ela era do meu tio, quando ele era novo, e passou para as minhas mãos há cerca de 2 anos. O facto de ela ser tão gira já traiu vários olhares indiscretos e foi responsável por variados elogios!
Esta camisola de malha também me acompanhou à minha viagem a Londres, da qual tenho muito boas memórias!
É gira ou não é gira? 😉
Inês Alves (@ines_ovelhaverde)
