A Inês Faria é uma jovem designer de moda com quem nos cruzámos no Instagram. Ela criou o projeto i.sustentavel para falar de Moda sustentável e partilhar o que vai aprendendo com a sua própria experiência.
Partilha conselhos para comprar, livros sobre moda sustentável e um muito interessante “Como sobreviver aos saldos?” Temos a certeza que a Inês representa uma nova geração de designers de moda, que já olha para a sustentabilidade não como uma tendência, mas como algo que deve fazer parte do processo criativo na moda.
Obrigada por teres aceite o nosso convite Inês, muito sucesso para o teu futuro!
Desde miúda que adoro moda e sei desde sempre que quero trabalhar com moda.
Ao longo da minha vida nunca tinha tido preocupações ambientais nem sociais relativamente à indústria têxtil, mas sempre fui habituada a vestir a roupa das minhas primas mais velhas e a dar a que já não me servia às minhas primas mais novas, então o vestir roupa usada nunca me fez confusão.
Já mais adulta comecei a perceber os impactos da indústria têxtil, sendo a minha área de estudo pude ter um conhecimento mais completo dos processos e materiais de confecção e isso começou a preocupar-me muito. Ver o que o nosso consumo estava a fazer ao planeta e à vida de milhares de pessoas e que pouca gente se preocupava com isso fez-me repensar os meus hábitos de consumo.
A moda secondhand trouxe-me uma oportunidade de consumo a baixo custo e com baixo impacto, sabendo que a moda ética e sustentável nem sempre é uma opção acessível. Por exemplo, a camisola da fotografia, que devo ter comprado há um ou dois anos, em segunda mão.
Sendo as tendências de moda repetitivas e cíclicas também é uma oportunidade de obter produtos que não estão ultrapassados, não há uma peça que o fique sempre, as “modas” acabam por voltar. Assim como é uma oportunidade de ter um estilo mais diferenciado e pessoal do que o que as tendências ditam.
A roupa não é feita para ser descartável, o custo que a produção tem para o ambiente não é para ser descartável.
E deixar de gostar de uma peça não tem problema nenhum, já o deixei várias vezes, os nossos gostam mudam e o nosso estilo e necessidades também, o segredo é descartar e obter peças de forma responsável.
As peças em segunda mão que mais gosto me dão vestir são as peças que foram da minha mãe, nos tempos de juventude dela, é engraçado pensar que, tanto tempo depois, eu tenho um estilo bem parecido ao dela na altura e algumas das peças que ela usava são as que eu uso agora. Além do valor monetário das peças, têm também um valor emocional e uma vida antes de serem minhas e são muito mais especiais para mim por isso mesmo.
Eu uso moda secondhand porque poupo dinheiro, porque poupo o planeta e invisto no futuro.
Inês Faria, i.sustentavel
