Conhecemos a Marta num encontro online chamado Falar Circular, em que se debatem ideias sobre sustentabilidade. É aberto a todos e qualquer um pode apresentar um projeto. Foi isso que fizemos num encontro sobre moda circular.
A partir daí fomos sempre falando e temos procurado sinergias com a organização sem fins lucrativos na qual trabalha, a Circular Economy Portugal. A Marta é uma força de mudança e personifica o chamado Walk the Talk, como podem ver neste testemunho que nos deixou.
Obrigada Marta, por apoiares sempre o nosso projeto, estares sempre disposta a ouvir as nossas ideias (e desabafos) e, claro, por este testemunho.
Esta é a estória da Marta, uma estória que conta um caminho que é o meu, mas que pode ser o vosso agora e/ou no futuro. É uma estória que pretende inspirar, construir e nunca criticar.
Sou a Marta, tenho 29 anos e trabalho numa associação sem fins lucrativos chamada Circular Economy Portugal.
Já passaram mais de 3 anos desde que deixei de comprar roupa nova.
Minto. Existem as seguintes exceções:
- um 1 fato para um casamento
- 3 pares de meias
- uma t-shirt
- 1 par de ténis
- 1 par de sandálias
E, hoje, consigo ver com muita clareza o percurso que me fez chegar até aqui.
Tal como tantas pessoas, eu comprava roupa sem qualquer preocupação pelo ambiente ou pelas pessoas que estavam do “lá de lá da etiqueta” que dizia “Made in ______”. E, confesso, achava a roupa cara, mesmo nos saldos que era um dos momentos mais esperados do ano! Era um momento de amigas, o dia todo a experimentar roupa nova para a nova fase do ano e, nós não só queríamos, como “precisávamos” daquela roupa!
Então como é que as coisas começaram a mudar?Foi aos poucos.
Quando comecei a trabalhar mais na área do ambiente e da economia circular, estava – como ainda estou – sempre a questionar os meus hábitos de consumo porque esses eu conseguia controlar. Já tinha deixado de comer carne e o passo lógico seguinte seria deixar de comprar roupa nas “lojas do centro comercial”. Eu comecei a perceber o impacto deste sistema, porque lia e via em documentários o que se passava para lá da etiqueta e comecei a sentir preocupação e empatia pelas pessoas que faziam a minha roupa. Crianças fazem a nossa roupa, C R I A N ÇA S! Como posso continuar a comprar roupa sabendo desta informação?
E foi assim que deixei de comprar roupa nova, a perceber que já tenho tanta roupa e que é possível fazer mil combinações com o que tenho no armário (é verdade que repito imensas vezes as mesmas peças, e deve-se notar, mas não faz mal porque estou sempre a usar só aquilo que gosto e estou confortável!).
Claro que de vez em quando gosto de ter peças diferentes e, para tal:
- troco roupa (em pontos de troca ou eventos)
- uso imensa roupa dos meus familiares
- compro em segunda-mão, mas apenas quando gosto realmente da peça!
E quando entra uma peça, outra tem de sair do armário. Essa é a regra de ouro para mim.
Não digo que seja sempre fácil viver com esta escolha, mas é a que me faz sentir mais coerente com o que são os meus valores.
O meu conselho para todas e todos que desejem começar a alterar os seus hábitos neste campo é perguntarem-se sempre que estão a comprar roupa: “Preciso mesmo desta peça?”. Vão reparar que na maioria dos casos a resposta é não 😊
E, deixo-vos um exemplo de como é usar uma peça de roupa com amor até à exaustão, e até hoje!
Marta Brazão, Circular Economy Portugal
