O artigo do Público “Roupa em segunda mão deixou de ser comprada e isso não ajuda o ambiente” fez-nos pensar acerca do que acontece à roupa que descartamos no nosso país. E em todo o mundo “desenvolvido”. Este artigo aborda o lado da indústria da roupa em segunda mão, que está em crise, por causa da pandemia da Covid-19. Mas, será que o real problema é esse?
Com as pessoas em casa, há muito destralhe a acontecer.
E até mudanças no estilo de vida, que levam a que determinadas roupas não façam sentido no roupeiro de muitos. Como em todos os negócios, esta oferta alargada de roupa em segunda mão fez descer os preços. E o negócio deixou de ser rentável, fazendo acumular roupa em aterros sanitários.
Mas afinal, o que acontece à roupa usada que destralhamos?
A roupa usada pode ter vários fins. Há muitos que optam por dar a amigos e família, a instituições que sabem que precisam ou a vender a lojas de roupa em segunda mão, como a nossa. Tudo opções válidas mas que, nos dias que correm e com o volume de roupa que é comprado e descartado, simplesmente não são suficientes. Foi assim que começou o negócio do envio de roupa em segunda mão para países em desenvolvimento.
Doar a Instituições de solidariedade – caridade e um potencial negócio, ao mesmo tempo
Se já tentaste dar roupa a instituições de solidariedade, já percebeste que muitos já nem aceitam. O volume de roupa que recebem é tão grande, que não conseguem ter uso para todas as famílias que apoiam. Foi assim que começaram a aparecer negócios paralelos, que ficam com a roupa usada que é doada às instituições, e a vendem em países em desenvolvimento. Países esses maioritariamente africanos, cujas populações pagam um preço baixo por roupa de qualidade. Em alguns países, a quota de venda de roupa em segunda mão é de 60%, ou mais.
E se isso, à partida, é bom para o ambiente, qual o impacto real nesses países? E até no nosso mundo desenvolvido?
Nesses países, o mercado de roupa em segunda mão arruina a produção local têxtil. Simplesmente é impossível competir com os preços da roupa que descartamos, na maioria das vezes em excelentes condições. Isto significa que estes países têm muita dificuldade em criar riqueza através da produção, mantendo o seu potencial de crescimento comprometido.
De forma um pouco simplista, o nosso consumo volumoso de roupa, não só compromete o futuro do planeta. Mas também o desenvolvimento de outros países, que ficam eternamente mais pobres. Claro que há outros fatores, como a falta de investimento, formação ou produtividade. Mas a nossa responsabilidade também existe.
Assim, e pondo um pouco o dedo na ferida, antes de pensares em destralhar, pensa no que está antes, a compra.
Se comprares o que precisas, que seja mais durável, cuidares bem do que é teu e deres um destino ético ao que deixa de ter lugar, já estarás a dar um contributo gigante para reduzir este impacto. Claro que a compra em segunda mão, no teu próprio país, é uma ótima opção. Espreita as nossas possibilidades na loja reCloset.