A UmundoLX Festival Coletivo para a Transformação Sustentável está a decorrer de 9 a 17 de Outubro 2020, em Lisboa. São promovidas muitas conferências, mesas redondas, oficinas e sessões de esclarecimento, sobre vários temas relativos à sustentabilidade.
Inscrevi-me na sessão Desplastifica-te, conduzida pela DECO, no âmbito do seu trabalho junto das comunidades educativas.
Estava à espera de uma sessão esclarecedora e assim foi. Falou-se muito na responsabilização do consumidor nos seus momentos de consumo. As escolhas que faz, e os sinais que dá ao mercado, daquilo que quer e daquilo que não quer que esteja nas prateleiras.
Também se falou bastante das ações dos cidadãos, no momento de descarte dos produtos.
Fiquei a saber várias coisas. A maior surpresa foi saber que em Portugal só se recicla plástico de embalagens. Este facto não se deve a questões técnicas, mas sim burocráticas e contratuais. Por isso, se um objecto for de plástico, ainda que reciclável, não sendo uma embalagem, não será reciclado. E será encaminhado para os detritos indiferenciados.
Por exemplo, se comprarmos uma flor num vaso de plástico, esse vaso pode ser reciclado. Mas, se comprarmos um vaso de plástico reciclável, sem nada dentro, esse vaso não será reciclado.
Isto leva-me a ter ainda mais a certeza de que a eliminação de todo o plástico desnecessário é urgente. Sempre que possamos encontrar alternativa, é por aí que devemos ir.
Fiquei também a saber que apenas 30% do plástico descartável que utilizamos é reciclado.
39% é incinerado e os restantes 31% estão em aterros. O que quer dizer que as escovas de dentes que usamos desde pequenos, e que não foram incineradas, ainda existem algures, num aterro qualquer.
A questão do excesso de plástico descartável foi sendo cada vez mais impactante, quando começou a chegar às praias e a invandir os cenários idílicos das nossas vidas. O plástico descartável representa 50% do lixo marinho encontrado nas praias.
Neste tipo de resíduo, o consumidor pode agir, pode fazer a diferença e está a ter suporte da parte da legislação europeia e nacional.
É tempo de fazermos uso de um dos R da sustentabilidade, Recusar.
Recusar cuvetes, embalagens de plástico de fruta e legumes, porções individuais de produto em embalagem de plástico, sacos e saquinhos que embrulham produtos que, muitas vezes, já vem noutras embalagens, como os artigos de charcutaria, etc.
A reciclagem não nos vai salvar, como dizia um artigo da Greensavers há uns dias. Por isso, temos que
- Repensar as consequências dos nossos atos
- Recusar o desnecessário
- Reduzir o consumo
- Reutilizar sempre que possível os objetos
E, no fim, quando nada mais há a fazer, então aí sim, separar corretamente e Reciclar, mesmo sabendo de todas as limitações inerentes.