Quando se fala em sustentabilidade, estamos muitas vezes a referir-nos à questão ambiental. Mas, na verdade, o conceito de sustentabilidade assenta em 3 pilares:
- Ambiental
- Social
- Financeiro
Isto acontece porque, essencialmente, não pode existir Sustentabilidade sem garantir que protegemos o planeta, que as pessoas têm uma vida digna e que existem recursos financeiros para investir numa vida melhor.
Quando dizemos que um negócio é sustentável, ele tem de cumprir com estes 3 pilares.
Garantindo que a sua atividade não prejudica o planeta, podendo até oferecer soluções de regeneração. Ao mesmo tempo que apoia os seus trabalhadores, pagando ordenados dignos e garantindo condições seguras de trabalho. E, finalmente, gerando dinheiro que possa ser usado para investir no negócio, fazendo-o crescer ou ter maior impacte.
Desde que lançámos a reCloset, em setembro de 2020, estes 3 pilares eram muito claros para nós. E mesmo que não fosse possível cumpri-los num primeiro momento, isso teria de vir a acontecer.
O pilar ambiental sempre fez parte do nosso DNA.
Quisemos lançar a reCloset para ajudar a resolver o problema da moda descartável e da falta de conhecimento das pessoas do impacte que tem esta indústria. Queriamos despertar consciências, ser mais uma voz que apela à mudança de comportamento. Começámos do zero e sabíamos que seria difícil, mas tinhamos a motivação de estar a fazer a coisa certa.
O pilar social é um compromisso nosso.
Somos duas pessoas a levar este projeto para a frente, que colocam nele alma e coração, além de tempo e competências. Usamos o nosso tempo livre para o fazer, encontrando horas em dias longos. Fazemos o que podemos, mas fazemos com gosto. Por enquanto, é um trabalho voluntário. Se precisamos de algo que não sabemos fazer, pagamos por esse serviço.
Finalmente, o pilar financeiro. O mais difícil.
E o que nos levou a escrever este artigo hoje. Tivemos a notícia que um dos principais projetos de moda em segunda mão em Portugal fechou – a Ecoa Circular.
Este era o projeto que mais acarinhávamos a nível pessoal, por acharmos que defendia os mesmos valores e caminho que nós. Admirávamo-lo de longe, seguiamos atentamente as suas novidades e ficámos expectantes quando deixaram de comunicar na sua página de Instagram. Como se soubéssemos o que poderia estar por detrás.
Na verdade sabíamos, pois a sustentabilidade financeira da segunda mão é muito frágil.
Pelo menos tem sido essa a nossa experiência. Muitos a querer vender, poucos a querer comprar. E o trabalho que dá gerir a venda de peças únicas simplesmente não compensa financeiramente.
Prosseguimos, com o nosso trabalho voluntário, procurando aumentar o nosso impacte, quer dando nova vida a peças usadas, quer informando mais pessoas. Temos outros projetos em mente, outros caminhos que também queremos explorar. E enquanto tivermos motivação, aqui continuaremos.
Deixamos uma nota final à Aline, fundadora da Ecoa Circular. Criaste um projeto incrível, que contribuiu para que mais pessoas despertassem e mudassem comportamentos. E isso ninguém te tira.